3/04/2025


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O paradigma Brás Cubas suspenso pelas polias de Momo, ou, Uma espermática metáfora

O mais próximo de serpentina
foi a fita vermelha que lacra biscoito.
Entre uma zapeada e outra caloria adquirida,
surdos mudos e a vizinha Casa de Repouso,
quatro andares abaixo e outros metros à esquerda,
onde há o idoso que, Alzheimer talvez,
geme desde cedo:

"Olga! ô Olga!"

Será o celibatário do quarenta e três
desperto nas alvoradas do entrudo
por um semelhante seu que,
tal e qual espermatozóide ao óvulo indiferente,
deixou-se passar pelo corso
e agora tenta, com um monocórdio cântico de esponsais
acompanhar a "furiosa" que, longe, nem se ouve mais
e conseguir da colombina odalisca Carmen Miranda
que apenas perdura em sua retina
um olhar, que fosse?

Seu cordial músculo marca o tempo, compassa.

Numa diafragmática intensidade
vai o ar entre as cordas já calosas,
mas que ainda o timbre definem;
articulam-se palato, língua e dentes
e rompe, em ondas tsunâmicas
que inundam e remoinham minha oiça
até o tímpano, martelo, bigorna, estribo.

Tudo bate, retorce, ressoa
na audição e equilíbrio.

Carnaval, marcha-rancho
quaresma, ladainha...
A todos, um lamento, um ai
ao destino que, parece, troça:

"Oooolga! ô Olga! Olga!"

bo©zon, carnaval de 2005

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